A Festa de São Roque
Santo Padroeiro da Ilha de Paquetá
Dia de comemoração: 16 de agosto
Programação da Festa de São Roque 2017
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A FESTA DE SÃO ROQUE
A origem da Festa de São Roque é certamente muito antiga, remontando mesmo ao tempo da Antiga Fazenda São Roque, pois já no começo do Séc. 19 era considerada tradicional. Sempre contando com a presença de visitantes de todas as partes do Rio de Janeiro, desde as pessoas mais simples até a alta aristocracia brasileira. Há registros históricos que nos falam da presença do Imperador Pedro II em Paquetá, certamente acompanhado de membros da Côrte. A data também sempre foi a mesma: semana de 16 de agosto, realizando-se nos dias de sexta-feira, sábado e domingo. Sempre teve caráter religioso e beneficente; era a oportunidade quando os romeiros vinham pagar promessas ao Milagroso São Roque.
Os antigos donos da Fazenda São Roque e posteriormente a Família Serqueira, devotos do Santo Padroeiro, eram os patrocinadores da concorrida festa.
O próprio D. João VI, Príncipe Regente do Brasil,Portugal e Algarves, era presença certa. Católico fervoroso e também devoto de São Roque, sempre que vinha à Paquetá ia assistir à Missa na Capela, onde comungava e confessava-se.
Certa vez, no ano de 1808, D. João VI viera a Paquetá e rogou uma graça de São Roque, o Santo Padroeiro da Ilha, a quem se atribui até hoje o título de Milagroso. Atendido em sua súplica, voltou o Rei a Paquetá para agradecer ao Santo a graça recebida. Era num mês de agosto e, em volta da Capela de São Roque estava se realizando uma quermesse beneficente. Quando D. João VI saiu da Capela, foi longamente saudado pelo povo e teve uma inspiração: Em agradecimento ao Santo Padroeiro, de quem acabara de receber uma bênção, instituiu um Decreto Real, segundo o qual todos os anos, naquela mesma data, se realizasse uma quermesse beneficente em homenagem a São Roque e que a renda revertesse em benefício dos doentes e crianças pobres.
Este é historicamente o verdadeiro sentido da Festa de São Roque. As pessoas levavam coisas para vender na Festa e davam à São Roque o dinheiro apurado o qual era destinado integralmente às obras de caridade da Igreja. Os devotos de São Roque que desejassem colaborar, adquiriam ou fabricavam produtos por conta própria e iam vende-los nas barraquinhas. As senhoras assavam bolos e faziam quitutes diversos em suas casas. Na Festa vendiam-se tecidos, rendas, bordados, chapéus finos, berloques, bengalas, porcelana, diversos objetos de artesanato e pintura, material de pesca, e muitas guloseimas.
Os registros históricos nos dão conta que em 1872 estas festas “...eram deslumbrantes e concorridíssimas. As Festas de São Roque tinham um espírito de ordem tal que em 1872, vieram a esta Ilha dezessete mil pessoas, sem que se registrasse a menor alteração”. (Revista Paquetá Ilustrado, 1922 ).
Conta-nos Vieira Fazenda em relato de 1908:
“Na véspera da festa as praias de Paquetá ficavam coalhadas de faluas e barcos da roça, embandeirados e garridamente engalanados de flores e folhagens. Conduziam famílias vindas de longe. Cozinhavam e dormiam a bordo, aguardando o alvorecer do grande dia. Neste, chegavam de Petrópolis, Magé, Niterói e da Cidade os devotos em inúmeras caravanas. Na enseada de Paquetá podiam ser contados 14 a 16 vapores (navios da época). Havia cavalhadas, argolinhas e cavalinhos de pau. No domingo era celebrada a Missa Campal num lindo altar especialmente montado ao ar livre para a ocasião.
Terminava a festança com o tradicional leilão de prendas e os fogos de artifício queimados às 10:00h da noite. neste século tivemos duas Guerras Mundiais, seja também por causa da situação econômica brasileira das últimas décadas cuja situação inflacionária fez decair muito o poder aquisitivo das pessoas, seja ainda por um leque de outros fatores.
Neste ano de 1998 em que se comemorou o Tricentenário da Capela de São Roque, a Festa de São Roque foi realizada em grande estilo nos dias 14, 15 e 16 de agosto e contou com os seguintes organizadores:
A Igreja Matriz Senhor Bom Jesus do Monte, através do Padre Claro Antonio Jacomo, Pároco de Paquetá, o qual celebrou todas as Missas (que lotaram a Capela) e a Procissão Tradicional, acompanhada pela Banda da Guarda Municipal da Cidade do Rio de Janeiro; A MORENA, Associação de Moradores de Paquetá, através do Sr. Jorge Pires Ferreira e Flora Maria Marques Henriques, respectivamente Presidente e Vice-Presidente; a XXI Região Administrativa da Ilha de Paquetá através do Sr. Marcos Sebastião Gitsin, Administrador Regional; A SAIPA - Sociedade Assistencial da Ilha de Paquetá, através de seu presidente Cel. Paulo Fernandes Dias, o Projeto Criança Criando, através das suas coordenadoras Élida Maria Almendros e Kátia Machado Pino que organizaram uma série de atividades infanto juvenís, o Grupo de Teatro Solar Del Rey, através de seu diretor Ivan de Andrade Bispo, cujos atores fizeram bela apresentação teatral, o 48º Grupo Escoteiro São Roque de Paquetá, através da sua Diretora Técnica Marlene da Conceição Manes, o Projeto Pró Memória da Ilha de Paquetá, através de seu diretor e autor deste livro, Jacques Azicoff, que idealizou uma série da atividades pertinentes à comemoração do Tricentenário da Capela de São Roque e a Millenium Informática, através da sua diretora Denise Fernandes Gomes que elaborou gratuitamente os programas, os cartazes publicitários e os diplomas que foram conferidos a diversas personalidades.
Não poderíamos ainda deixar de destacar a participação e apoio do Vereador Ruy Cezar da Câmara Municipal da Cidade do Rio de Janeiro.
Posteriormente, a 24 de novembro de 1998, a Academia de Artes, Ciências e Letras da Ilha de Paquetá, por iniciativa do seu Diretor Cultural Acadêmico Raymundo Fernando Sampaio Rebello, promoveu a celebração da Missa Solene em homenagem aos 300 anos da data da 1ª Missa da Capela de São Roque, data também em que a Academia afixou placa comemorativa do evento no hall de entrada da Tricentenária Capela. . Começava então o movimento de retirada e, de terra e do mar ouviam-se aclamações do povo dando vivas - “a São Roque para o ano!”
Passaram-se os anos, passaram gerações. Permaneceu a Festa, sempre concorrida e alegrando o coração dos paquetaenses e visitantes.
Fonte:
Acervo do Projeto Pró-Memória da Ilha de Paquetá:
Autor: Jacques Azicoff
contato: Jacques Azicoff através do Facebook