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Construção de emissário que levaria o esgoto de Paquetá para São Gonçalo não tem data para conclusão

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Enquanto isso, moradores e empresários de Paquetá continuam convivendo com ruas tomadas por esgoto.

Por Gabriel Sabóia (gabriel.saboia@cbn.com.br)

Ouça o áudio no link da fonte, no final do texto.

Com a chegada do calor e a proximidade do verão, os moradores de Paquetá já se preocupam com um problema antigo, mas que ainda está longe de ter uma solução: o sistema de saneamento da ilha, sobrecarregado pelos visitantes e pelas chuvas dessa época do ano. Essa sobrecarga faz com que, em vários dias da alta temporada, o esgoto transborde pelas ruas da cidade, gerando desconforto pra quem mora em Paquetá e prejuízos para os comerciantes. Só que a dita solução pra esse problema, anunciada em 2013, já teve o seu prazo de conclusão adiado duas vezes e não deve ficar pronta até o próximo verão. Trata-se da construção de um duto submarino de 10 quilômetros, que cruzaria a Baía de Guanabara e levaria os dejetos até a Estação de Tratamento de Esgoto de São Gonçalo. Quase quatro anos depois, a obra, que foi originalmente orçada em R$ 17 milhões, já custou R$ 26 milhões e deve consumir, pelo menos, mais R$ 6 milhões. Esse valor corresponde ao trecho do duto entre a ilha e uma elevatória que bombearia o esgoto até São Gonçalo.

Mas a engenheira Eloisa Torres, que participou do Programa de Saneamento Ambiental do Entorno da Baía de Guanabara, faz um alerta. Se a rede coletora de esgoto de Paquetá não for redimensionada, a obra pode não representar uma solução.

"Não adianta mandar o esgoto pra outro município, enquanto as galerias da ilha não forem adequadas à população flutuante que Paquetá tem hoje. Em dias normais, o material será tratado perfeitamente em São Gonçalo. Mas, a cada chuva de verão ou dia com muitos visitantes, os esgotos vão seguir transbordando. É necessário recalcular o tamanho dessas galerias, levando em consideração que Paquetá já não é mais apenas uma cidade dormitório", afirma.

O ambientalista Mário Moscatelli afirma que o redimensionamento das galerias de esgoto deve ser acompanhado de um aumento na capacidade de absorção da Estação de Tratamento. A Cedae informou que, atualmente, Paquetá tem a capacidade de tratar 30 litros de esgoto por segundo. Com a obra da nova adutora, esse número saltaria pra 100 litros por segundo. Do contrário, as praias da região vão continuar absorvendo o esgoto que vai parar nas ruas.

"É importante lembrar que essa obras estava no cronograma do PAC e deveria ter sido concluída no Programa de despoluição da Baía até a Olimpíada, quando, teoricamente, haveria recursos. Agora, sem recursos, a tendência é de que o meio ambiente siga sendo agredido livremente", acredita.

Para justificar o gasto de R$ 9 milhões acima do previsto pra obra, a empresa Arkhe Serviçoes de Engenharia alegou um "desequilíbrio econômico percebido durante a execução do serviço". A licitação pra contratação de uma nova empresa, que faria a conclusão dos trabalhos, chegou a ser adiada duas vezes pelo Tribunal de Contas do Estado, que pediu a revisão dos custos pra realização do serviço. O valor aprovado pelo TCE foi de R$ 5,7 milhões.

Questionada, a Cedae disse que essa resposta deveria ser buscada junto à Secretaria de Obras, que lançaria o edital. Procuramos a Secretaria de Obras, que disse que essa responsabilidade era com a Secretaria de Meio Ambiente. A Secretaria de Meio Ambiente disse que a responsabilidade era da Cedae.

Em meio a esse impasse, o empresário José Lavrador, que mora há 30 anos em Paquetá, segue sem poder abrir as portas do Centro Cultural de Paquetá por causa das ruas inundadas pelo esgoto.

"Tem dias em que não posso abrir as portas e nem sair de casa. Quem perde com isso? O empresário da região que empreendeu, contando com o potencial turístico de Paquetá, mas não pode faturar por ter uma rua cheia de esgoto. É o cúmulo do descaso", desabafa.

A preocupação com o problema - que já era grande - cresceu nos últimos anos. A ilha "voltou à moda", se tornou palco de desfiles de blocos de carnaval e festivais de música durante o ano. Em várias ocasiões, Paquetá, que tem pouco mais de 4 mil habitantes, recebeu 15 mil pessoa em um só dia, excedendo a vazão das galerias de esgoto. O presidente da Associação de Moradores de Paquetá, Alfredo Braga, diz que a questão, hoje, é de saúde pública e que episódios de inundação de esgoto mancham a imagem da ilha para os turistas.

"As pessoas estão redescobrindo Paquetá de uns anos para cá. É impressionante o número de cariocas com mais de 30 anos que nunca veio à ilha e se encanta. Mas, se você vem num dia de invasão de esgoto, você vai querer voltar? É claro que não. É pouco higiênico e o cheiro é um horror", diz.

A CBN questionou a Secretaria de Meio Ambiente e o Inea sobre os índices de poluição de Paquetá, mas não teve resposta sobre as últimas medições.

 

Fonte: http://cbn.globoradio.globo.com/editorias/ecologia-meio-ambiente/2017/09/25/CONSTRUCAO-DE-EMISSARIO-QUE-LEVARIA-O-ESGOTO-DE-PAQUETA-PARA-SAO-GONCALO-NAO-TEM-DA.htm?utm_source=facebook

Imagens anexadas na notícia:

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